Reinier no Atlético: O Jogador Chamado de "Pior Contratação" Chega ao Galo

A recente chegada do meio-campista Reinier ao Atlético Mineiro, concretizada na noite de terça-feira (5) com seu desembarque em Belo Horizonte para exames médicos e a formalização de um contrato até 2029, gerou um burburinho considerável. Contudo, a repercussão mais intensa não se deu pela expectativa de seu desempenho futuro, mas sim pelo seu controverso passado no futebol europeu. O Galo assegurou 50% dos direitos econômicos do atleta de 23 anos, com o Real Madrid, seu antigo clube, mantendo a outra metade do passe.

A imprensa espanhola, em particular, não poupou comentários ácidos sobre a transação. O periódico Qué!Desportes não hesitou em rotular o jovem brasileiro como "a pior contratação da história do Real Madrid". Em linha similar, o portal Rtve ressaltou que a trajetória de Reinier personifica o "lado negativo das contratações brasileiras" efetuadas pela equipe merengue. Complementando o coro, o El Español o descreveu como "a contratação esquecida que nunca estreou no Real Madrid", pintando um quadro sombrio de sua passagem pelo velho continente.

Apesar do investimento e das projeções iniciais, Reinier jamais pisou nos gramados pela equipe principal do Real Madrid. Em um período de cinco anos, sua jornada foi marcada por uma série de empréstimos, passando por quatro clubes distintos: Borussia Dortmund, Girona, Frosinone e Granada. Sua performance foi consistentemente afetada por problemas de adaptação e recorrentes lesões. No cômputo geral, seus números se resumem a 105 confrontos disputados, com um modesto saldo de sete gols e oito assistências. Curiosamente, durante sua estadia na Alemanha, ele chegou a compartilhar o campo com Erling Haaland no Borussia Dortmund, participando inclusive de lances que resultaram em gols ao lado do prolífico atacante norueguês.

O Contraste: Da Promessa ao Desafio Europeu

O ponto de partida para essa trajetória, que o levou ao epicentro das críticas, foi a base do Flamengo. Em 2019, Reinier ascendeu ao estrelato como parte do elenco que, sob a batuta de Jorge Jesus, sagrou-se campeão do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores. Naquela época, as expectativas eram estratosféricas; Guilherme Dalla Déa, então treinador da Seleção Sub-17, chegou a traçar paralelos grandiosos, afirmando: "Ele é muito talentoso. Vejo o Reinier como um 'camisa 10', um Kaká". A projeção de seu talento culminou na sua venda ao Real Madrid no início de 2020, por uma cifra que rondou os 30 milhões de euros, quando o jovem contava com apenas 18 anos.

Apesar das dificuldades em nível de clube, um ponto de brilho em sua passagem europeia foi a participação na Seleção Brasileira Sub-23. Em 2021, Reinier integrou o grupo que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, um feito notável. No entanto, esse sucesso pontual não foi suficiente para impulsionar sua carreira ao patamar que se esperava após a precoce mudança para o futebol europeu, deixando um hiato entre o potencial e a realidade.

Em um claro contraste com o cenário europeu, o retorno de Reinier ao solo brasileiro foi marcado por uma calorosa recepção de torcedores no aeroporto. A manifestação de carinho não passou despercebida pelo atleta, que expressou o impacto dessa diferença em sua própria pele: "Feliz por ter esse carinho, que antes eu não tinha". Essa fala sublinha a relevância do acolhimento recebido e a clara aspiração por um novo capítulo em sua carreira no cenário futebolístico nacional.

Acolhimento e a Busca por Redenção no Galo

No Atlético Mineiro , Reinier vislumbra uma chance crucial de reescrever sua história no esporte. O ambiente, que já se mostra mais receptivo em suas próprias palavras, oferece o cenário ideal para essa reconstrução. O clube, por sua vez, investe na crença de que o potencial técnico que o destacou no início de sua jornada pode ser plenamente recuperado, mesmo diante dos inegáveis desafios e do peso das expectativas não cumpridas que o acompanham desde sua partida do Brasil.