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Reinaldo, Ídolo do Atlético, Conquista Anistia e Indenização Pós-Ditadura
Por Redação FutGalo em 03/12/2025 08:21
Em um veredito de grande simbolismo histórico, o Conselho de Anistia, vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), formalizou o reconhecimento de Reinaldo, aclamado ídolo do Clube Atlético Mineiro, como vítima de perseguição política durante o regime militar brasileiro. A decisão, tomada por aclamação unânime, não apenas outorga o perdão oficial ao ex-atacante, mas também estabelece uma justa reparação financeira.
Reinaldo, eternizado por sua icônica celebração com os punhos cerrados erguidos ? um gesto inequívoco de protesto contra a opressão da ditadura ?, sempre sustentou ter sido alvo de uma orquestrada campanha difamatória naqueles anos sombrios. Ele também denunciou que sua postura política resultou em seu afastamento e impedimento de vestir a camisa da Seleção Brasileira, privando-o de glórias em âmbito nacional.
A confirmação do perdão ocorreu durante uma sessão da comissão governamental, realizada na última terça-feira (2), onde vinte e um pleitos foram meticulosamente avaliados. Além do reconhecimento moral, ficou determinado que o ex-jogador receberá uma indenização no valor de R$ 100 mil, um montante que, embora simbólico, representa o reconhecimento do dano sofrido.
Reconhecimento Histórico: A Anistia de uma Lenda Atleticana
Marcaram presença na sessão, Reinaldo não conteve a emoção ao rememorar os episódios vivenciados. O ex-atacante, visivelmente abalado, chegou a derramar lágrimas durante o encontro, evidenciando a profundidade das feridas que o tempo não conseguiu apagar.
Com a voz embargada, Reinaldo proferiu palavras que ecoaram a dor de uma geração:
Eu sou o Reinaldo, muitos me conhecem como um grande talento do futebol brasileiro. Talvez vocês se lembrem da minha trajetória nos campos, mas pode ser que muitos não saibam das lutas silenciosas que tive de enfrentar.
Ele prosseguiu, descrevendo as táticas insidiosas do regime:
O regime militar, na sua ânsia de controlar tudo e perseguir quem pensava diferente, não usava só a violência física. eles criaram campanhas de difamação, verdadeiras operações para acabar com a reputação e a vida social de pessoas que eles consideravam inimigos ou ameaças ao poder deles.
A Voz de um Ídolo: O Lamento Pessoal de Reinaldo
Com seus 68 anos de idade, Reinaldo dedicou doze temporadas de sua carreira ao Atlético, marcando a história do clube entre os anos 1970 e 1980. Durante esse período, o ?Rei? conquistou notáveis oito títulos do Campeonato Mineiro. Embora tenha participado da Copa do Mundo de 1978 pela Seleção Brasileira, sua presença foi, segundo suas próprias palavras, cerceada pelo contexto político.
Finalizando seu depoimento com um desabafo pungente, Reinaldo sublinhou a gravidade da violência moral:
Queriam calar a minha voz, diminuir a minha força, e acabaram com a minha vida e minha carreira. Essa forma de violência do Estado que ataca a honra, a imagem e a dignidade é tão grave quanto as outras e busca destruir as pessoas por dentro, tirando seu lugar no mundo e no futuro. É uma violência que deixa marcas profundas e duradouras, mesmo que a gente não veja.
Marcas Profundas: O Legado de Luta e Talento de Reinaldo
A decisão do Conselho de Anistia, portanto, não é apenas um ato de reparação individual para um dos maiores nomes da história do Atlético Mineiro , mas um lembrete indelével das consequências devastadoras que a repressão política pode infligir à vida de um cidadão, mesmo um ícone nacional como Reinaldo. Sua luta, agora oficialmente reconhecida, reafirma a importância da memória e da justiça histórica.
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