Jejum de Gols do Ataque do Atlético-MG: Análise Profunda da Fase Ofensiva

O Atlético-MG enfrenta um momento de profunda instabilidade em seu setor ofensivo. Nos últimos doze confrontos, nenhum jogador da linha de frente do Galo conseguiu balançar as redes, evidenciando uma preocupante ineficácia. A última vez que um atleta do ataque celebrou um gol foi em 14 de agosto, na vitória por 2 a 1 sobre o Godoy Cruz, pela Copa Sul-Americana, ocasião em que Hulk e Cuello foram os responsáveis pelos tentos na Arena MRV.

A Persistência da Ineficácia Ofensiva

A situação atual do ataque alvinegro é um tema recorrente nas análises pós-jogo. Embora o gol do meio-campista Bernard, na classificação do Atlético contra o Bolívar, pudesse sugerir uma quebra no jejum, é fundamental ressaltar que o próprio clube classifica Bernard como jogador de meio-campo. Portanto, a estatística de doze jogos sem gols provenientes de seus atacantes permanece inalterada, sublinhando a urgência de uma solução para essa carência.

O técnico Jorge Sampaoli já havia manifestado sua preocupação com a produtividade do setor. Após a derrota por 1 a 0 para o Botafogo, no Nilton Santos, o treinador foi categórico em sua avaliação:

"Temos que melhorar o time no terço final, no ataque. Precisamos melhorar bastante e trabalhar muito na questão ofensiva, porque o time não está encontrando variantes ofensivas para ganhar os jogos em que tem vantagem".

Desabafos e a Busca por Respostas

A frustração com a ausência de gols também é palpável entre os jogadores. Ao término do confronto sem gols contra o Juventude, na última terça-feira, o atacante Rony expressou abertamente seu sentimento. O jogador, que não marca desde 1º de junho, quando o Galo venceu o Ceará fora de casa, busca na resiliência a força para superar o período adverso.

"- Vou continuar com a cabeça erguida, trabalhando. Eu sei que essa tempestade tem que acabar. Eu acredito que, com fé, as coisas começarão a acontecer - disse Rony."

Hulk: A Referência em Meio ao Desafio

Mesmo a principal referência ofensiva do time, Hulk , não está imune a essa fase de escassez. Henrique Fernandes, comentarista do Grupo Globo, aponta que o atacante tem recebido menos passes próximos à área nesta temporada, o que impacta diretamente suas oportunidades de finalização. Uma análise aprofundada dos números revela um padrão preocupante.

Segundo o levantamento de Fernandes, Hulk figura como o quinto jogador com maior número de finalizações no Campeonato Brasileiro, totalizando 51 tentativas, empatado com Vegetti, do Vasco. À sua frente estão Pedro Raul (58), Rayan (60) e Kaio Jorge (61). Contudo, a distribuição dessas finalizações é o ponto crucial. Hulk lidera o ranking de arremates de fora da área na competição, com 35 tentativas, superando Philippe Coutinho, que possui 33.

Henrique Fernandes detalha as implicações desses dados:

"- Isso significa que Hulk só fez 16 finalizações de dentro da área nesse campeonato, sendo uma delas de pênalti, contra o Mirassol. Foram 15 finalizações de dentro da área em jogadas trabalhadas, portanto. São 29,4% de finalizações de dentro da área em jogadas trabalhadas, ou seja, nem um terço - explicou Henrique Fernandes."

Para contextualizar, em 2021, Hulk registrou 101 finalizações ao longo do Campeonato Brasileiro, com 59 delas de fora da área. Descontando seis pênaltis cobrados naquele ano, 53 finalizações foram de dentro da área em jogadas construídas pela equipe, representando 52,4% de seus arremates em jogadas produzidas pelo time. A comparação evidencia uma drástica redução na presença do atacante em zonas de maior perigo.

A conclusão de Henrique Fernandes é contundente:

"- Hulk não tem recebido tantas bolas no time, que não tem boas dinâmicas ofensivos. O ataque tem números piores do que a defesa em comparação aos outros 19 times do campeonato. O Hulk é vítima de um ataque improdutivo que vem desde o Cuca, e que Sampaoli está tentando solucionar - afirmou Henrique Fernandes."

Adicionalmente, Hulk enfrenta um jejum ainda mais prolongado de gols com a bola rolando no Brasileirão, não marcando dessa forma há mais de um ano, com seu último gol datando de 22 de setembro do ano passado.

O Raio-X Individual dos Goleadores

A tabela abaixo ilustra o período sem gols de cada atacante do Atlético-MG, evidenciando a extensão do desafio que a equipe tem pela frente:

A fase atual do ataque do Atlético-MG representa um dos maiores obstáculos para a equipe na temporada. A necessidade de encontrar soluções para essa lacuna de gols é premente, exigindo ajustes táticos, aprimoramento das dinâmicas ofensivas e, talvez, um resgate da confiança individual dos atletas. O desafio para a comissão técnica e os jogadores é imenso, mas a superação é fundamental para as ambições do clube.