Jardim: Título Longe e Arbitragem Inapta no Dérbi Mineiro

Após o empate em 1 a 1 com o Atlético-MG na Arena MRV, o técnico Leonardo Jardim, do Cruzeiro, sinalizou uma redefinição das ambições do clube no Campeonato Brasileiro. O clássico, marcado por intensa controvérsia arbitral, culminou na percepção do treinador de que a busca pelo título nacional se tornou praticamente inviável.

A equipe celeste, que acumula um jejum de quatro partidas sem vitória e registra três empates consecutivos, viu sua posição na tabela se complicar. Atualmente na terceira colocação, o Cruzeiro está a oito pontos do líder Palmeiras (com 61 pontos contra 53) e a cinco do vice-líder Flamengo (58 pontos contra 53), ambos com um jogo a menos.

Diante desse cenário e da aparente solidez dos concorrentes diretos, Jardim explicitou que o foco da reta final do Brasileirão migra para a garantia de uma vaga na fase de grupos da CONMEBOL Libertadores. A distância para o Botafogo, quinto colocado, é de 10 pontos, o que confere uma margem mais confortável para este novo objetivo.

A Virada de Chave: Libertadores como Prioridade

Em suas declarações, o comandante português reiterou a nova diretriz estratégica. Ele afirmou:

O projeto pra nós é lutar pela classificação (pra Libertadores) e é isso que vamos lutar. Se vier outra coisa, se os times bobearem, mas o Flamengo e Palmeiras não vejo muitas hipóteses de bobearem, porque estão fazendo quase recorde de pontos neste campeonato, que é um dos melhores campeonatos dos últimos anos.

A fala sublinha a aceitação da dificuldade em alcançar os líderes e a pragmática mudança de rota para os torneios continentais.

Além da análise sobre a competição, Leonardo Jardim dedicou parte significativa de sua coletiva à performance do árbitro Paulo César Zanovelli, que protagonizou momentos de intensa discussão durante o embate. A atuação do juiz foi o ponto central das reclamações pós-jogo.

Um dos episódios mais marcantes ocorreu no início do segundo tempo. Após o gol de empate do Atlético-MG, Zanovelli cometeu um equívoco ao tentar expulsar Lucas Romero, confundindo-o com Kaio Jorge. Ao corrigir o erro, ele advertiu o camisa 19 do Cruzeiro com o cartão vermelho, alegadamente por um gesto de "roubo" dirigido à arbitragem, evidenciando a confusão em campo.

Arbitragem Sob Fogo Cruzado: A Polêmica de Zanovelli

Jardim não poupou críticas ao desempenho do árbitro, destacando a falta de controle e a série de decisões questionáveis. O técnico desabafou:

No primeiro tempo, não conseguimos com bola ter o domínio que pretendíamos, corrigimos na segunda parte, entramos muito bem na segunda parte e fizemos o gol. Depois foi aquilo que vocês viram, uma bola fora, depois marca escanteio... Acho que se tinha 40 mil pessoas todo mundo viu, não foi aquele lance de dúvida. Mas mais do que isso. Eu tenho alguns anos já de carreira e nunca vi um árbitro puxar quatro vezes o vermelho do bolso e só acertar uma expulsão. Acho que as pessoas têm que ter cuidado. É um clássico mineiro, um clássico que empolga muita gente, e eu não estava preparado pra isso. Se vocês já viram um árbitro puxar quatro vezes o cartão, não é vermelho, é amarelo... Coitado, eu acho que ele é o menos culpado disso.

A indignação do treinador foi palpável, ressaltando a anomalia das decisões em campo.

A sequência de equívocos do árbitro foi um ponto de estranhamento para o técnico, que questionou a capacidade de Zanovelli para gerir um confronto de tamanha relevância. Jardim concluiu sua análise crítica com uma observação incisiva:

Você lembra de um árbitro puxar quatro cartões vermelhos e só acertar um? Então vocês viram a mesma coisa que eu, por que da pergunta? O que isso mostra? Eu não tenho psicóloga ao meu lado, mas isso mostra um comportamento de ansiedade, mostra que não está preparado para o desafio. Mas ele é responsável? Não, ele foi colocado aqui. Alguém que tem responsabilidade colocou ele aqui. Qualquer leigo percebeu que o árbitro não estava no seu melhor estado no controle emocional.

A dura avaliação de Jardim sugere que a performance do juiz extrapolou a mera falha técnica, adentrando o campo da aptidão emocional para o cargo em momentos de alta pressão.