Grêmio x Atlético-MG: Jogo-Chave para Mano Menezes e Rumo do Tricolor

O cenário que envolve o Grêmio nos dias atuais é de intensa apreensão. Neste domingo, o confronto contra o Atlético-MG, marcado para as 16h em Belo Horizonte, transcende a mera disputa por pontos; ele se configura como um potencial marco decisivo para o trajeto de Mano Menezes à frente da equipe e para o próprio rumo do clube na atual temporada.

A recente derrota para o Sport, então lanterna da competição e a única equipe entre as quatro divisões nacionais sem vitórias no Campeonato Brasileiro, expôs de forma contundente a turbulência que se abateu sobre o ambiente gremista. A expectativa de um resultado positivo, ou no mínimo um empate, diante do último colocado em casa era considerada uma obrigação.

Apesar do revés por 1 a 0 na Arena, o técnico Mano Menezes, de alguma forma, obteve um fôlego adicional. Em coletiva de imprensa após o jogo, o treinador estabeleceu como prioridade uma reação "a curto prazo", sinalizando a urgência da situação.

A Corda no Pescoço: O Limite de um Treinador

A despeito da aparente confiança da cúpula diretiva, o próprio comandante reconhece que há um ponto de não retorno para sua permanência. Em declaração pública, Mano Menezes foi categórico:

Mesmo com a confiança da direção, tudo tem limite para mim. As coisas não podem continuar como estão, senão teremos um final muito melancólico.

O semblante do técnico ao deixar o gramado, denotando desânimo e silêncio, resumiu o momento delicado. A sensação é de que uma ruptura com Mano Menezes já se desenhava no domingo da derrota, mesmo que, oficialmente, ele siga no comando do time.

A diretoria, contudo, optou por uma manifestação pública de apoio ao treinador. Na terça-feira, antes dos treinamentos, uma reunião entre Mano e o presidente Alberto Guerra ocorreu no CT Luiz Carvalho. Previamente, o dirigente havia compartilhado uma mensagem nas redes sociais, buscando tranquilizar a torcida:

O resultado desta noite não condiz com a grandeza do Grêmio. Somos responsáveis e não vamos nos omitir de resolver os problemas. Garanto a todos que vamos corrigir os erros e que o Grêmio vai superar esse momento.

Na quarta-feira, foi a vez dos jogadores se reunirem com o técnico para debater o período adverso. Conforme apurado, Mano questionou e ouviu o elenco, inclusive sobre o esquema tático a ser adotado a partir do embate com o Atlético-MG. Na semana anterior, o treinador havia cobrado publicamente mais ousadia dos atletas, utilizando a frase: "jogador de meio milhão de reais tem que jogar marcado".

Queda de Rendimento e Desgaste do Elenco

A performance do Grêmio sofreu uma drástica regressão após o recesso para a Copa do Mundo de Clubes. Antes da pausa e sob a batuta de Mano, a equipe disputou seis partidas pelo Campeonato Brasileiro, conquistando três vitórias (Santos, Bahia e Juventude) e três empates (Vitória, Bragantino e Corinthians).

Entretanto, o retorno ao Brasileirão trouxe um declínio acentuado. Em seis jogos da Série A, o aproveitamento foi de apenas 22,2%, com quatro derrotas, um empate e uma única vitória. Esse índice supera apenas o do Sport, o lanterna da competição. O treinador, que chegou com a incumbência de reerguer o time, parece esgotar suas alternativas. A queda de rendimento é acompanhada por sinais evidentes de fadiga física e mental do grupo, que demonstra dificuldade em manter a intensidade e a competitividade.

A atuação contra o Sport, por exemplo, foi marcada por adaptações e escassez de variações táticas. Camilo, volante de ofício, foi improvisado na lateral direita, enquanto Edenilson, visivelmente exaurido, manteve-se como titular no meio-campo. Curiosamente, Camilo, que havia sido uma "solução" na partida anterior, sequer foi relacionado para o confronto contra o Atlético-MG.

A produção ofensiva também se mostra pífia, com apenas seis finalizações no gol contra o Sport. A equipe exibe apatia e desorganização tática. Nos seis jogos desde o recomeço do Brasileirão, o Tricolor marcou apenas quatro gols. Para ilustrar a disparidade no desempenho, observe a tabela a seguir:

A Pressão Externa: Protestos e Conflitos

A pressão externa sobre o clube atingiu níveis alarmantes. Na última semana, o Grêmio foi alvo de duas manifestações de torcedores em Porto Alegre. A primeira, na sexta-feira, exibiu uma faixa com dizeres de cunho ameaçador: "o Grêmio vale mais que a vida de vocês".

Essas faixas foram direcionadas a jogadores, dirigentes e comissão técnica, evidenciando o profundo descontentamento com o desempenho da equipe na temporada. O segundo protesto, ainda mais grave, ocorreu neste sábado, no aeroporto Salgado Filho, pouco antes do embarque da delegação para Belo Horizonte.

Cerca de cinquenta torcedores invadiram uma área restrita, cercaram e danificaram o ônibus do time. O segurança Luis Fernando Cardoso, conhecido como Fernandão, foi agredido e precisou ser retirado da viagem para a realização de exame de corpo de delito. Este incidente sublinha a escalada da tensão e a fragilidade do ambiente gremista.

O jogo contra o Atlético-MG, dessa forma, transcende a esfera esportiva e se converte em um teste definitivo. Para Mano Menezes, é uma questão de sobrevivência no cargo. Uma nova derrota pode selar o fim de sua passagem pelo clube, que atualmente ocupa a 15ª colocação e beira perigosamente a zona de rebaixamento.

Para o Grêmio como instituição, o desafio é demonstrar que ainda possui capacidade para reagir e reverter o quadro. E para a torcida, o confronto será um termômetro para discernir se o limite da paciência foi excedido ou se ainda há um fio de esperança para a reconstrução.