Gabigol na Arena MRV: De Goleador do Flamengo a Reservista do Cruzeiro

A Arena MRV será palco de mais um capítulo no embate entre Atlético-MG e Cruzeiro, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Neste jogo de ida, um nome promete atrair olhares, embora sua posição atual no cenário esportivo seja consideravelmente distinta daquela que o consagrou: Gabigol. O atacante, que em um passado recente brilhou intensamente neste mesmo gramado, agora retorna, provavelmente vindo do banco de reservas, em uma guinada notável de protagonista a coadjuvante em menos de um ano.

A Trajetória Invertida na Toca da Raposa

A chegada de Gabigol ao Cruzeiro, no início de 2025, foi anunciada com grande pompa, mas seu desempenho e status dentro da equipe celeste têm seguido um caminho inesperado. Considerado a principal contratação do clube, o camisa 99 (agora 9) viu seu espaço ser gradualmente reduzido. A concorrência de Kaio Jorge, artilheiro do Campeonato Brasileiro, e as escolhas táticas do técnico Leonardo Jardim, o relegaram a uma posição secundária, entrando apenas em frações das partidas.

O próprio treinador elucidou as razões para a ausência do jogador entre os titulares, apontando para desequilíbrios táticos quando Gabigol atua ao lado de outros nomes importantes do elenco. "Com todos jogando ao mesmo tempo (Kaio Jorge, Gabi e Matheus Pereira), a equipe tem três gols sofridos e um marcado. Então, é fácil dar a minha resposta. As coisas não funcionam muito bem com os três. São excelentes jogadores, mas descaracterizam, um pouco, aquilo que é o nosso jogo", explicou Jardim. Em relação à preferência por Kaio Jorge, o técnico foi direto: "Você sabe que o Gabriel, o Kaio Jorge e o Matheus, juntos, já jogaram juntos às vezes. Sabem a produtividade que eles tiveram no campeonato. Em relação ao artilheiro do campeonato, temos um jogador que está na frente dos melhores marcadores, que é o Kaio Jorge. Gabriel tem também feito seu trabalho com gols e jogos."

Os números recentes corroboram essa perda de influência. Nos últimos cinco compromissos do Cruzeiro, Gabigol esteve disponível, mas somou apenas 24 minutos em campo, evidenciando sua condição de alternativa e não mais de figura central.

Clássicos Mineiros: Um Capítulo de Controvérsias

Desde sua chegada à Raposa, Gabigol ainda não conseguiu balançar as redes em clássicos contra o Atlético-MG. Foram três embates em 2025, resultando em dois empates e uma derrota para o time azul. Sua participação mais marcante, e negativa, ocorreu no segundo clássico, quando o Galo venceu por 2 a 0. Naquela ocasião, Gabigol foi expulso após uma cotovelada no rosto de Lyanco.

O episódio gerou repercussão e o próprio jogador reconheceu a gravidade da ação, pedindo desculpas à torcida e assumindo a responsabilidade pelo revés. "Foi um lance claro. Não sou um cara maldoso. Tentei dar um tranco, mas a cabeça estava baixa, acabou pegando realmente o cotovelo. No VAR a imagem fica ainda mais feia do que aconteceu. No 11 contra 11, eu imaginava em campo que as coisas iam acontecer, a gente dominava, tinha a bola, tinha certeza que a gente ia ganhar", declarou Gabigol na época. Ele complementou, assumindo a culpa: "Como fui expulso, o jogo virou outro. Assumo a culpa, a derrota é culpa minha. Seguir trabalhando, vamos nos encontrar na frente."

Abaixo, um resumo de sua performance em clássicos mineiros pelo Cruzeiro:

A Arena MRV e o Contraste de um Passado Recente

A Arena MRV, que agora o recebe como adversário, guarda memórias distintas para Gabigol. No final de 2024, ele pisou neste mesmo gramado como um dos protagonistas da final da Copa do Brasil, vestindo a camisa do Flamengo. Naquela ocasião, mesmo vindo de um período de menor destaque e sem muito espaço no Rubro-Negro, a chegada do técnico Filipe Luís o recolocou entre os titulares. E ele correspondeu.

No jogo de ida daquela final, Gabigol, então camisa 99 do Flamengo, foi decisivo ao marcar duas vezes contra o Atlético-MG, pavimentando o caminho para o título carioca. Embora não tenha balançado as redes na partida de volta, na Arena MRV, ele levantou o troféu, marcando sua última grande conquista pelo clube carioca.

Logo após o triunfo, ainda no campo da Arena MRV, Gabigol confirmou sua saída do Flamengo. No mesmo dia, a imprensa esportiva antecipou seu acerto com o Cruzeiro. Nos primeiros instantes de 2025, a Raposa oficializou a contratação do atacante de 28 anos, com um contrato de quatro temporadas, aproveitando o término de seu vínculo anterior.

Este retorno à Arena MRV configura-se, portanto, como um momento de profunda reflexão sobre a carreira do jogador. De carrasco rubro-negro, celebrado por suas atuações decisivas, a coadjuvante celeste, questionado por seu desempenho e espaço no elenco . O clássico contra o Atlético-MG não é apenas mais um jogo; é uma oportunidade para Gabigol tentar reescrever parte de sua narrativa recente, talvez buscando um novo protagonismo em um palco que já conheceu sua glória.