Dívida Atlético-MG: Impacto Financeiro, Projeção de Quitação e Análise Detalhada

A trajetória do Atlético-MG, embora marcada por momentos de destaque e desafios no cenário esportivo, é agora ofuscada por uma realidade financeira alarmante. O clube se vê confrontado com um passivo impressionante, que atinge a cifra de R$ 2,3 bilhões.

A dimensão dessa obrigação financeira ganha contornos ainda mais preocupantes ao se observar o horizonte temporal previsto para sua quitação. Conforme as projeções do "Relatório Convocados", elaborado pelo renomado consultor de gestão e finanças esportivas, César Grafietti, mesmo após a transição para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o prazo estimado para a liquidação total do débito varia entre 19 e 22 anos.

Tais estimativas, fundamentadas no balanço financeiro da SAF divulgado recentemente, revelam uma notável divergência em relação ao montante oficialmente reconhecido pela própria agremiação, que aponta um débito de R$ 1,3 bilhão. O "Relatório Convocados" detalha que, caso o clube mantenha o patamar de faturamento alcançado em 2024 e destine uma parcela de 20% desse valor para amortização do passivo, a estabilização financeira poderia ser atingida em aproximadamente 19 anos.

Contudo, uma análise mais conservadora, que considera a média de receitas dos últimos três exercícios, projeta um período de liquidação ainda mais extenso: cerca de 22,5 anos. O documento de Grafietti, embora destaque um incremento na arrecadação em 2024, ressalta que essa melhora foi primariamente impulsionada pelo sucesso obtido em campo.

A Complexidade da Projeção de Quitação

A notável performance do Atlético-MG, que culminou com a chegada à final da Copa Libertadores da América e da Copa Betano do Brasil, revelou-se um fator crucial para o expressivo aumento de faturamento registrado pelo clube na última temporada.

Dados de Receita Anual do Atlético-MG:

Apesar do crescimento, é fundamental analisar como essa receita se alinha com a gestão do endividamento.

Foto: (Getty Images)

Receita Crescente, Dívida Persistente: O Dilema das Transferências

Contudo, o mesmo estudo aponta uma questão de gestão financeira que merece escrutínio: a aparente falta de direcionamento dos recursos provenientes da negociação de atletas para a amortização do passivo. No período compreendido entre 2020 e 2024, o Atlético-MG gerou aproximadamente R$ 450 milhões com a alienação de jogadores. Surpreendentemente, nesse mesmo intervalo, a dívida acumulada pelo clube sofreu um incremento de R$ 1,029 bilhão, evidenciando uma desconexão entre o capital gerado e a redução do endividamento.

A despeito dos bons resultados em campo e do aumento no faturamento, a análise do cenário financeiro do Atlético-MG revela um desafio estrutural de proporções gigantescas. A capacidade de reverter essa tendência de endividamento crescente e a gestão estratégica dos ativos do clube serão determinantes para o futuro da agremiação, que busca não apenas o sucesso esportivo, mas também a tão almejada estabilidade econômica.