Copinha 2026: Entenda a controvérsia dos critérios de seleção em Minas Gerais

A definição dos representantes mineiros para a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2026 trouxe à tona um debate acalorado sobre os critérios de seleção e o reconhecimento do mérito esportivo. Enquanto a Federação Mineira de Futebol (FMF) e a Federação Paulista de Futebol (FPF) anunciaram os quatro clubes que defenderão o estado, a ausência de uma equipe que se destacou em campo gerou forte insatisfação e levantou dúvidas sobre a transparência do processo.

O foco da controvérsia recai sobre a exclusão do Boston City, de Manhuaçu, que havia conquistado a quarta posição no Octogonal Final do Campeonato Mineiro Sub-20. A expectativa de que o clube estaria entre os classificados para a prestigiada competição nacional não se concretizou, provocando uma reação imediata e veemente por parte de sua diretoria.

O Grito de Injustiça do Boston City

A indignação do Boston City foi expressa publicamente pelo gerente de futebol, Lucas Goes, que utilizou as redes sociais para manifestar seu descontentamento. Em uma série de comunicados, Goes argumentou que, "pelo que o Boston fez dentro de campo, deveria estar entre os classificados", sublinhando o fato de a equipe ter superado o América na tabela do estadual, clube que, paradoxalmente, recebeu um convite para a Copinha.

O dirigente fez questão de enfatizar que a posição alcançada pelo Boston City foi fruto de "trabalho, disciplina e mérito esportivo", e apelou para a "sensibilidade" das federações ao avaliarem as conquistas das agremiações mineiras. A cobrança por reconhecimento do desempenho em campo foi uma tônica em suas declarações, que ganharam um tom ainda mais incisivo ao longo do dia.

Lucas Goes, embora tenha ressaltado seu "profundo respeito" pela FMF e FPF, exigiu "equilíbrio, justiça e transparência" na análise de projetos como o do Boston City, que ele descreveu como "sólido, sério e construído com honestidade". O posicionamento do clube reflete a frustração de ver um esforço esportivo aparentemente desconsiderado em detrimento de outros critérios. "Com humildade, mas com a convicção de quem sabe o que construiu dentro de campo", concluiu Goes, reforçando a reivindicação por reconhecimento.

Os Critérios Oficiais e a Contradição Evidente

A FMF confirmou os nomes dos quatro clubes que representarão Minas Gerais na Copinha 2026: América, Atlético, Cruzeiro e Athletic. As vagas, disponibilizadas pela FPF, foram distribuídas de maneiras distintas, gerando um cenário que, para muitos, carece de equidade. As três primeiras indicações ? América, Atlético e Cruzeiro ? foram feitas diretamente pela FPF, que justificou a escolha pela "tradição" de reservar vagas para clubes com "maior estrutura nas categorias de base".

A quarta vaga, por sua vez, foi destinada à escolha da FMF, que optou pelo Athletic. Segundo a entidade mineira, o critério adotado foi estritamente técnico: o clube de São João del-Rei foi o mais bem classificado no Campeonato Mineiro Sub-20 entre os candidatos elegíveis para essa indicação específica. Contudo, é precisamente aqui que reside a principal dissonância do processo.

Apesar de o América ter sido convidado pela FPF, sua performance no Campeonato Mineiro Sub-20 o colocou apenas na quinta posição. Enquanto isso, o Boston City, que encerrou a competição na quarta colocação, foi preterido. Esta disparidade levanta sérios questionamentos sobre a primazia do mérito esportivo nas decisões que moldam o futuro das jovens promessas do futebol brasileiro.

Para maior clareza, apresentamos um resumo da situação dos clubes mineiros e sua participação na Copinha 2026:

*A posição exata de Atlético e Cruzeiro no Mineiro Sub-20 não foi detalhada na comunicação original, mas foram convidados pela FPF.

O Impacto nos Projetos de Base e a Busca por Equidade

A forma como as vagas para a Copinha são distribuídas tem um impacto direto nos investimentos e na motivação de clubes que buscam desenvolver talentos fora dos grandes centros. A decisão de privilegiar a "estrutura" em detrimento do desempenho em campo, como no caso do América e Boston City, pode desestimular o esforço e a dedicação de equipes que, com menos recursos, conseguem resultados expressivos.

A Copa São Paulo é uma vitrine fundamental para jovens atletas. A oportunidade de participar é cobiçada, e a percepção de que o acesso pode ser influenciado por fatores extracompetitivos, em vez de exclusivamente pelo mérito esportivo, mina a credibilidade do processo. É imperativo que as federações busquem um equilíbrio que valorize tanto a tradição e a estrutura dos grandes clubes quanto o trabalho árduo e os resultados alcançados pelos projetos emergentes, garantindo que a justiça e a transparência sejam pilares inabaláveis na formação do futebol de base.