Atlético-MG e o Aporte da SAF: Desafios Financeiros e Estratégias para Redução de Dívidas

Panorama Financeiro do Atlético-MG: Dívidas e a Busca por Sustentabilidade

O Atlético-MG enfrenta um cenário financeiro complexo, marcado por um alto endividamento e a necessidade urgente de reestruturação de capital. A implementação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) trouxe novas perspectivas, mas também desafios na captação de recursos e na gestão das dívidas existentes.

Bruno Muzzi, CEO do clube, enfatizou a importância de novos aportes financeiros para "abater dívidas onerosas". Em entrevista ao Sport Market Makers, Muzzi revelou que o clube acumula uma dívida de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 900 milhões considerados onerosos devido aos altos juros e prazos de vencimento curtos.

Diante desse quadro, o clube busca alternativas para reduzir o endividamento e alcançar a sustentabilidade financeira. A geração de caixa através da operação e da venda de atletas é considerada insuficiente a curto prazo, o que reforça a necessidade de injeção de capital externo.

O FIGA e o Aporte de Rubens Menin: Uma Análise

Um dos pilares da estratégia financeira do Atlético-MG era o FIGA (Fundo de Investimentos e Participações Multiestratégia), que visava captar R$ 100 milhões através de investimentos de torcedores. No entanto, o fundo não atingiu a meta esperada, arrecadando apenas R$ 6.168.639,18 até janeiro de 2025, conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em resposta a essa dificuldade, Rubens Menin, investidor majoritário do clube, comprometeu-se a realizar o aporte total dos R$ 100 milhões, com prazo até o final de 2026. Em entrevista ao ge em junho do ano passado, Menin afirmou:

"Não somou, nós vamos investir lá. Na verdade, eu que vou fazer o investimento para poder fechar esse valor e completar aquilo que vai ser feito no Atlético. Sou eu quem vou colocar (o que não chegar a R$ 100 milhões do FIGA). Nós vamos colocar agora".

Apesar da garantia de Menin, o valor ainda não foi integralmente repassado ao clube, gerando expectativas e questionamentos sobre o impacto desse atraso nas finanças do Atlético-MG.

Novos Investimentos e a Estrutura da SAF

Após a criação da SAF, o Atlético-MG recebeu um aporte significativo de Daniel Vorcaro, que investiu R$ 200 milhões, divididos em quatro parcelas, para o abatimento de dívidas. Essa injeção de capital foi aprovada pelo Conselho do clube e alterou a estrutura da Galo Holding, tornando Vorcaro o segundo maior investidor, atrás da família Menin.

A entrada de novos investidores é vista como fundamental para fortalecer a estrutura de capital do clube e reduzir a dependência de dívidas onerosas. O CEO Bruno Muzzi ressaltou:

"Nosso objetivo é, o quanto antes, fazer esse aporte de capital, novo investidor para reduzir esse equity. Esse é o nosso objetivo principal, precisamos resolver isso para tornarmos de fato um clube saudável e sustentável. Estamos no caminho, mas não chegamos lá ainda".

Entenda o FIGA: Estrutura e Objetivo

O Fundo de Investimentos e Participações Multiestratégia FIGA foi estabelecido em 13 de julho de 2023, com sede no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, onde se localiza uma das sedes do BTG Pactual. O BTG Pactual, inclusive, elaborou um "teaser" denominado "Projeto King" em agosto do ano anterior, com o propósito de atrair investidores para o fundo.

A sigla FIGA representa "Fundo de Investimentos do Galo" e foi concebido como um veículo para permitir a participação minoritária de torcedores que já possuam experiência em investimentos em fundos. O valor unitário de cada cota foi fixado em R$ 1 milhão.

Em essência, o FIGA representa uma tentativa de democratizar o acesso ao investimento no clube, ao mesmo tempo em que busca captar recursos para fortalecer a sua estrutura financeira. No entanto, os resultados aquém do esperado evidenciam os desafios de mobilizar a torcida como investidora em larga escala.