Reencontro Amargo: Júnior Santos, Atlético-MG e o Vazio na Ponta do Botafogo

O palco está montado para um confronto que transcende os três pontos: Botafogo e Atlético-MG medem forças amanhã, às 18h30 (horário de Brasília), no Nilton Santos, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mais do que a disputa direta, o embate marca o reencontro de Júnior Santos com seu antigo clube, um momento carregado de simbolismo e questionamentos sobre os rumos tomados por ambas as partes após uma separação que, até o momento, não parece ter sido benéfica para nenhum dos envolvidos.

Em 2024, Júnior Santos foi figura central em conquistas importantes, notadamente na Libertadores, onde balançou as redes na decisão contra o próprio Galo. Contudo, após seguir trajetórias distintas, tanto o jogador quanto o Botafogo enfrentam desafios que colocam em xeque as decisões tomadas. O atacante, hoje no Atlético-MG, busca consolidar seu espaço, enquanto o Alvinegro carioca ainda lida com a ausência de um nome de peso para a posição que ele outrora ocupava.

O Vazio na Ponta Direita do Botafogo

A carência na ponta-direita tem sido uma preocupação constante no elenco do Botafogo há meses. A saída de Júnior Santos deixou uma lacuna evidente, a ponto de o clube tentar repatriá-lo na janela extraordinária para a Copa do Mundo de Clubes, menos de cinco meses após sua despedida do Rio de Janeiro. Foram duas propostas de empréstimo formuladas, ambas categoricamente recusadas pelo Atlético-MG.

Apesar das tentativas frustradas, a diretoria botafoguense reavaliou a prioridade para a posição. Com um número considerável de opções pelos lados do campo, ainda que a preferência da maioria seja atuar pelo flanco esquerdo, a contratação de um ponta-direita deixou de ser vista como urgente. Artur, o atual titular da função, tem apresentado atuações inconstantes, gerando dúvidas sobre a estabilidade do setor.

A fragilidade da posição ficou ainda mais evidente na última rodada, contra o São Paulo, quando o técnico Davide Ancelotti precisou improvisar o volante Danilo na ponta direita. A decisão foi justificada pela ausência de jogadores de ofício para a vaga: Artur se recuperava de uma lesão muscular na panturrilha direita, enquanto Santi Rodríguez e Montoro estavam afastados por problemas de saúde. Além disso, Jordan Barrera, outra opção para o setor, está servido à seleção colombiana sub-20 e só retornará após a participação de sua equipe na Copa do Mundo da categoria. Matheus Martins surge como um nome alternativo para a função.

Júnior Santos no Galo: Expectativa e Realidade

A chegada de Júnior Santos ao Atlético-MG foi acompanhada de grande expectativa e um peso financeiro considerável, tornando-o a aquisição mais cara do clube na janela de transferências do início do ano. A principal missão do atacante era preencher o vácuo deixado por Paulinho, então artilheiro da equipe, que havia sido negociado com o Palmeiras. A aposta era que Júnior Santos traria a mesma intensidade e capacidade de decisão que exibira em seu clube anterior.

Seu início no Campeonato Mineiro como titular visava acelerar o ritmo de jogo, mas a trajetória logo encontrou um obstáculo. Na terceira partida, contra o Athletic, Júnior Santos entrou no segundo tempo, mas foi expulso, o que o impediu de participar do clássico seguinte contra o Cruzeiro. O episódio, que gerou críticas, levou o jogador a se desculpar publicamente com a torcida, um sinal do impacto que a situação teve e da pressão que recai sobre seus ombros.

A Lógica Financeira por Trás da Despedida

A saída de Júnior Santos do Botafogo, embora sentida pela torcida e pelos bastidores ? onde era considerado um jogador muito benquisto ?, foi motivada por uma oportunidade de negócio vista como irrecusável pelo clube carioca. Ao receber uma oferta de US$ 7 milhões (equivalente a R$ 42,4 milhões na cotação da época), o Botafogo avaliou a proposta como "excelente". A decisão levou em conta a idade do jogador, então com 30 anos, e o fato de ter sido adquirido por um valor significativamente menor, cerca de R$ 5 milhões.

O desfecho da negociação se deu em janeiro, com o Atlético-MG formalizando a contratação de Júnior Santos por US$ 8 milhões, o que na época representava aproximadamente R$ 48 milhões. O clube mineiro adquiriu a totalidade dos direitos econômicos do atacante, selando um capítulo que, até o momento, se mostra complexo para todas as partes envolvidas, com o jogador buscando se firmar e o Botafogo ainda em busca de um substituto à altura.