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Atlético-MG: Da Turbulência Financeira ao Mercado de Milhões – Entenda a Virada do Galo!

Por Redação FutGalo em 02/08/2025 04:12

Em um lapso de pouco mais de uma semana, o Atlético Mineiro orquestrou uma surpreendente guinada em sua trajetória recente. Partindo de um contexto de incertezas financeiras, que chegou a ameaçar a estabilidade do elenco, o clube alvinegro reposicionou-se como um dos atores principais na janela de transferências, concretizando investimentos vultosos em novos talentos. A questão que se impõe é: qual foi a alavanca para essa transição notável? Este colunista detalha os meandros dessa reviravolta.

A chegada do volante Alexsander, que assinou contrato por cinco temporadas, representou um desembolso significativo de 5,5 milhões de euros, o equivalente a cerca de R$ 35,5 milhões. Pouco antes, o atacante Biel já havia integrado o elenco por meio de um empréstimo sem custos imediatos. Tais aquisições, embora planejadas, só foram viabilizadas por um movimento estratégico no mercado de vendas: a saída de Rubens.

A Inesperada Alavanca: A Venda de Rubens

A transação envolvendo Rubens , um atleta formado nas categorias de base e peça importante, não estava nos planos iniciais da diretoria. Contudo, a proposta recebida, avaliada em torno de 10 milhões de euros, foi considerada "irrecusável" pela cúpula atleticana. O Atlético, detentor de 85% dos direitos econômicos do jogador, ainda conseguiu manter 15% para uma futura negociação, assegurando um potencial retorno adicional. A estrutura do acordo previu o pagamento em duas parcelas, sendo uma imediata e outra para o próximo ano. Foi justamente a primeira parcela que conferiu o fôlego financeiro necessário para o clube buscar reforços imediatos no mercado.

O executivo de futebol do Atlético, Paulo Bracks, esclareceu a cronologia dos eventos.

"Uma semana depois, temos, agora, chegada de jogadores. Negociações que não começaram agora, nem na semana de turbulência. Geralmente, a negociação de jogadores importantes costuma demorar mais. E foi isso que aconteceu."

Ele enfatizou que a venda de Rubens, embora não desejada, foi determinante.

"Tivemos a venda do Rubens . Pelos números, se tornou irrecusável. Nós não queríamos perder o atleta neste momento. Titular absoluto, que teve uma guinada importante com Cuca. Estava contribuindo muito nos nossos resultados."

Bracks detalhou ainda a engenharia financeira por trás da chegada de Alexsander.

"Com a venda, fomos ao mercado para tentar repor. Na negociação do Alexsander, ainda conseguimos um pagamento bem diluído. Vamos pagar em quatro anos. Com a primeira parte do recebimento do Rubens , conseguimos fazer a primeira parte do pagamento do Alexsander. Não interferiu em nossas finanças. Não tivemos diferença na compra e na venda."

Essa abordagem demonstra uma gestão cautelosa, buscando equilibrar receitas e despesas.

Da Instabilidade aos Acordos: A Recomposição Financeira

Apesar do atual cenário de investimento, o Atlético Mineiro enfrentou, há poucas semanas, um período de significativa instabilidade. Em 22 de julho, o atacante Rony acionou a justiça buscando a rescisão de seu contrato, alegando atrasos no recolhimento do FGTS ? uma ação que, horas depois, foi retirada. Naquele mesmo momento, outros atletas já haviam formalizado notificações extrajudiciais ao clube, evidenciando uma situação de pagamentos pendentes que se arrastava. Anteriormente, o Alvinegro já convivia com a exposição de não ter honrado compromissos financeiros referentes a reforços contratados na primeira janela de transferências, expondo as fragilidades financeiras da Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Diante desse quadro, um dos acionistas da SAF reuniu-se com o elenco e se comprometeu a regularizar todas as pendências até a última sexta-feira, uma promessa que foi cumprida. A tarefa de mediar as conversas e estabilizar o ambiente recaiu sobre Paulo Bracks.

"É o ciclo do futebol. Tem hora que você está em cima da roda gigante, em outras no meio, em outras em baixo. Temos que tentar manter a estabilidade, ser mais racional do que passional. Seja uma decisão de ajuste de rota ou para apagar incêndio."

Bracks reconheceu a gravidade do momento, mas destacou a agilidade na resposta.

"De fato, a semana passada foi atípica. Isso não havia acontecido neste ano e em temporadas anteriores. Quero levar o lado positivo disso, conseguimos solucionar com rapidez, para contornar o problema. Agimos para estancar e não deixar crescer, nem volte acontecer."

Transparência e Perspectivas da SAF Alvinegra

Um dos pilares para a realização das novas contratações foi a promessa de que o clube só efetuaria movimentos de compra após regularizar a situação salarial com o elenco . Bracks reiterou essa condição:

"Disse que só faria movimentos de compra se estivesse em dia com os jogadores. Além de estar em dia com eles, depois da semana turbulenta, tivemos a venda. Aí, viabilizou. Além da compra, tivemos um movimento gratuito (Biel). Com responsabilidade financeira e equilíbrio de não aumentar a dívida do clube. É isso que estamos fazendo."

Esse posicionamento visou restabelecer a confiança e a estabilidade interna.

Apesar da recente melhora no ambiente e das movimentações no mercado, o Atlético ainda depende de um aporte financeiro externo para atacar a dívida estrutural. Uma votação crucial está agendada para 16 de setembro, quando o Conselho Deliberativo apreciará uma proposta de alteração na cláusula antidiluição da SAF do Galo, que também afeta a associação. Essa cláusula é um mecanismo contratual que protege os investidores minoritários ? no caso, a Associação do Atlético, que detém 25% da SAF alvinegra, enquanto os 75% restantes pertencem a acionistas como Rafael Menin, Rubens Menin e Ricardo Guimarães.

A ideia central é permitir a negociação de parte da participação da Associação na SAF, caso o clube receba um novo aporte de capital no futuro, desde que essa oferta ocorra de forma primária, via aumento de capital e emissão de novas ações. O entendimento interno é unânime: sem a aprovação dessa alteração, a captação de novos investimentos externos se torna consideravelmente mais desafiadora. A tabela a seguir resume as principais movimentações financeiras recentes:

Transação Jogador Tipo Valor (Estimado) Impacto Financeiro
Venda Rubens Definitiva ?10 milhões Recebimento de parcela imediata, viabilizando novas compras
Compra Alexsander Definitiva ?5.5 milhões Pagamento diluído em 4 anos, primeira parcela coberta por verba de Rubens
Empréstimo Biel Gratuito - Custo zero imediato, reforço sem onerar o caixa

Bracks concluiu sua análise sobre o ambiente interno do clube com otimismo, afirmando que

"O clima está bom, é um clima de performance. Todos entenderam a importância de estarmos sempre na mesma direção, que só assim a gente consegue alcançar os objetivos. Saímos fortalecidos. Tiramos proveito desse momento todo."

A capacidade de transformar um período de adversidade em um catalisador para a união e a busca por resultados será crucial para os próximos desafios do Atlético Mineiro, tanto dentro quanto fora dos gramados.

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