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Atlético-MG: A Verdade Sobre os Milhões Pendentes da Venda de Savinho ao Grupo City
Por Redação FutGalo em 27/06/2025 17:21
O cenário financeiro do Atlético Mineiro, frequentemente debatido por sua torcida e analistas, continua a ser influenciado por transações passadas, e uma delas, em particular, permanece em evidência: a venda do promissor Savinho ao Grupo City. Apesar de a negociação ter sido concluída em julho de 2022, os cofres atleticanos ainda aguardam o recebimento de parcelas significativas, um detalhe revelado no balanço financeiro da SAF do clube, divulgado em dezembro de 2024. A quantia de R$ 9,244 milhões, originalmente a ser recebida do Troyes, é um indicativo claro de que essa transação, embora antiga, segue com pendências que impactam o planejamento financeiro do Galo.
Apesar de uma parte desse montante já ter sido creditada, a existência de valores a serem quitados relacionados à operação Savinho sublinha a complexidade e a longevidade de tais acordos no futebol moderno. O clube, por sua vez, optou por não emitir comentários oficiais sobre a natureza exata desses valores, se referem ao mecanismo de solidariedade da FIFA ou ao percentual de direitos econômicos que o Alvinegro manteve sobre o atleta.
O Brilho de Savinho e o Contraste da Venda
Enquanto as questões financeiras persistem em Belo Horizonte, Savinho vive um momento de ascensão meteórica no cenário internacional. Recentemente, ele foi protagonista de um golaço na vitória do Manchester City sobre a Juventus, por 5 a 2, na Copa de Mundo de Clubes, demonstrando o talento que já era visível em suas 35 partidas pelo Atlético-MG. O desempenho do jovem atacante, que hoje encanta torcedores e críticos na Europa, inevitavelmente reacende o debate sobre os termos de sua saída do clube mineiro, especialmente o valor de 6,5 milhões de euros (equivalente a R$ 33,5 milhões na época) que gerou tantos questionamentos entre os torcedores.
A negociação inicial, que levou Savinho ao Grupo City, foi formalmente concretizada com o Troyes, clube francês também pertencente ao conglomerado. No entanto, a trajetória do jogador não incluiu atuações pelo time francês; ele foi imediatamente emprestado ao PSV na temporada 2022/2023 e, posteriormente, ao Girona, também parte do City Football Group, onde consolidou seu futebol antes de ser integrado ao elenco principal do Manchester City.
As Cláusulas Contratuais e os Milhões Perdidos
Um dos pontos mais sensíveis da negociação de Savinho foi a estrutura de bônus e metas estabelecidas no contrato. O Atlético-MG, ao ceder o atacante, manteve 12,5% dos direitos econômicos sobre o atleta e 1,70% referentes ao mecanismo de solidariedade da FIFA. Com a subsequente transferência de Savinho do Girona para o Manchester City, avaliada em cerca de 25 milhões de euros, o Galo teria direito a receber pouco mais de 3 milhões de euros (aproximadamente R$ 19 milhões) apenas por sua porcentagem de direitos econômicos mantidos, sem considerar os valores adicionais.
Contudo, a grande expectativa e, ao mesmo tempo, a maior frustração residiam nos aditivos contratuais que poderiam render ao Atlético-MG mais 6 milhões de euros. Tais bônus estavam atrelados a metas de desempenho de Savinho especificamente pelo Troyes, o que se revelou um obstáculo intransponível, visto que o jogador sequer vestiu a camisa do clube francês. A ausência de cumprimento dessas metas adicionais é um ponto de crítica constante por parte da massa atleticana, que enxerga um potencial financeiro não explorado.
Detalhes dos Bônus Não Alcançados
Os termos contratuais previam pagamentos condicionais robustos, totalizando um máximo de 6 milhões de euros, embora a soma individual dos itens listados alcançasse 7 milhões de euros. A seguir, uma análise detalhada das cláusulas que não foram batidas:
Bônus por Desempenho | Condição para Pagamento | Valor Máximo da Cláusula |
---|---|---|
Partidas no Troyes (Titular) | 250 mil euros a cada 10 partidas no time principal do Troyes (máx. 6 tranches / 60 partidas) | 1,5 milhão de euros |
Apar. UCL (Troyes/Empréstimo) | 500 mil euros a cada 5 aparições como titular na fase de grupos da UEFA Champions League (máx. 3 tranches / 15 aparições) | 1,5 milhão de euros |
Apar. UCL (Oitavas em diante) | 750 mil euros a cada 5 aparições como titular nas oitavas, quartas, semi ou final da UEFA Champions League (máx. 10 aparições) | 1,5 milhão de euros |
Contribuição para Gols (Troyes) | 500 mil euros (pagamento único) ao contribuir para 20 gols (gols + assistências) em uma temporada do Campeonato Francês pelo Troyes | 500 mil euros |
Seleção Brasileira (Troyes) | 500 mil euros (pagamento único) ao fazer sua 3ª partida como titular pela Seleção Brasileira (Copa do Mundo, Eliminatórias ou Copa América), sob contrato com o Troyes | 500 mil euros |
Bola de Ouro (Troyes) | 1,5 milhão de euros (pagamento único) ao ganhar a Bola de Ouro da revista France Football, sob contrato com o Troyes | 1,5 milhão de euros |
A Justificativa da Diretoria e o Legado Financeiro
Apesar da controvérsia em torno dos valores e bônus, ex-dirigentes e membros da atual gestão da SAF do Atlético-MG defenderam a necessidade da venda de Savinho naquele momento. Rodrigo Caetano, então diretor de futebol do clube e hoje na CBF, contextualizou a decisão, ressaltando a urgência financeira que impulsionou a negociação. "Quando você não precisa vender, o preço automaticamente sobe. Isso aí vale para qualquer um na nossa contabilidade doméstica. Você precisa se desfazer de alguma coisa, por necessidade, o preço é outro. São momentos distintos. Não dá para dissociar o caso do Savinho de todo o contexto. Claro, se dissocia porque é interessante esse tipo de discussão. Mas, para nós? Enfim. Nessa segunda transferência, vai entrar mais um recurso para o clube e, consequentemente, o todo da negociação vai ficar um pouco mais favorável?, explicou Caetano, indicando que a recente movimentação de Savinho para o Manchester City traria um alívio financeiro adicional.
Rubens Menin, um dos principais investidores da SAF, em participação no podcast do clube, o GaloCast, corroborou a perspectiva de Caetano, enfatizando a inevitabilidade da transação. "Infelizmente, a gente teve que liberar o Savinho. A gente já sabia que ele era craque, não teve surpresa para ninguém, apareceu essa chance do grupo City (...) Savinho podia ter tido mais minutagem, estava mais pronto que o Alisson, mas a parte financeira foi pesada, o Atlético estava precisando daquele dinheiro", afirmou Menin, evidenciando que a saúde financeira do clube era um fator preponderante na decisão de negociar uma de suas maiores promessas da base.
A saga financeira de Savinho, portanto, é um microcosmo das complexidades que envolvem a gestão de grandes clubes no futebol brasileiro. A expectativa pelos valores pendentes e a análise retrospectiva dos bônus não atingidos servem como um lembrete constante da tênue linha entre a necessidade financeira imediata e o potencial de ganhos futuros, um desafio perene para a administração atleticana.
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